Concorrência publicitária é o processo pelo qual anunciantes escolhem uma ou mais agências de comunicação para atender sua conta ou para realizar apenas um job. As agências participantes devem criar uma campanha publicitária segundo o briefing e as normas colocados pelo contratante.
Na concorrência da Semana de Comunicação da Faculdade o processo ocorreu de maneira similar. O prêmio definido para a equipe da campanha vencedora foi um kit de livros, horas complementares e a indicação e inscrição do trabalho no Prêmio Expocom 20111. O concurso foi divulgado em mensagens de email enviadas para o Grupo Comunicação Social da Faculdade (que chamaremos Grupo CSF), hospedado no serviço Google Groups, e em posts no Twitter.
Estudos mostram que a comunicação mediada por computador (CMC) traz bons resultados nos processos de aprendizagem e contribui para a motivação dos estudantes. Mazer, Murphy e Simonds comentam que o uso da (CMC) no contexto do ensino pode ter um efeito positivo na relação entre professores e alunos. Mais ainda, citando O’Sullivan, Hunt e Lippert (2004), os autores mostram que as marcas comunicativas dos canais mediados – como o jeito de escrever ou o uso de emoticons – podem gerar uma percepção de proximidade psicológica entre os atores (apud Mazer, Murphy & Simonds, 2007: 2). [tradução nossa]
A proximidade proporcionada pela CMC, que às vezes não acontece na comunicação face a face, pode ser um incentivo aos alunos para que realizem certa atividade, já que a motivação se relaciona com o “estabelecimento de um relacionamento mais intenso entre o professor e os alunos” (GIL, 2008: 62). Há, no entanto, uma distinção entre a capacidade e a vontade de aprender. Durante uma aula, por exemplo, um aluno inteligente, mas sem interesse, vai dedicar sua atenção a outros fins. Já um estudante bastante motivado pode ter desempenho acima do previsto. A motivação, assim,
é algo interior. As pressões externas podem aumentar o desejo de aprender, mas é necessário primeiramente que se queira aprender. Os psicólogos lembram que a motivação sempre tem origem numa necessidade. Esta é que determina a direção do comportamento para alvos apropriados a sua satisfação (Gil, 2008: 58).
Em relação à concorrência, estes mecanismos parecem igualmente válidos. Pela teoria de motivação de Abraham Maslow, os motivos derivam das necessidades. Dos dois tipos de necessidades do ego – auto-estima e reputação – é o segundo que mais interessa aqui. Este tipo de necessidade, relacionada a status, reconhecimento, apreciação, tem a ver com a vida social, a alteridade: “o meio social, isto é, o convívio com os outros, determina novos planos de carência, de déficits, de necessidades” (Idem, 1990: 87).
Ver a participação dos colegas na concorrência e sua valorização poderia despertar nos outros o desejo de obter a mesma visibilidade e atenção. Seria, então, um apelo à necessidade de reputação dos estudantes.
2.1. O Grupo CSF como site de rede social
Redes sociais são configurações que não dependem da internet. A rede é “uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores” (Recuero, 2009ª: 24). Estas redes, formadas offline, podem ser suportadas e expressas por sites na internet, mas são diferentes destes (Recuero, 2009b: 25).
A rede social referida neste trabalho, chamada Comunicação Social da Faculdade (ou CSF), é aquela que conecta alunos, professores e a coordenação do curso. Está expressa na internet pelo site do Grupo Comunicação Social da Faculdade (ou Grupo CSF, que diferencia o site da rede em si), hospedado no serviço Google Groups, e que permite a troca de mensagens entre seus integrantes via email.
O conceito de sites de redes sociais tem se estendido a outros sistemas além daqueles abordados nos primeiros estudos referenciais sobre esse fenômeno (BOYD & ELLISON, 2007). A partir de aspectos como a qualidade das interações sociais entre os atores e a apropriação que fazem desta ferramenta, considera-se o Grupo CSF no Google Groups como um site de rede social apropriado (que não nasceu originalmente como site de rede social), em analogia ao conceito que Recuero aplicou aos fotologs:
São sistemas onde não há espaços específicos perfil e para a publicização das conexões. (...) Esse espaço também pode ser construído como um perfil a partir das interações de um determinado ator com outros atores, como, por exemplo, através dos comentários e dos apelidos criados pelos atores e mesmo pelas coisas que são ditas (Recuero, 2009ª:104).
Seguindo com a descrição, a rede social CSF na internet é estruturada formalmente, reiterando a estrutura hierárquica offline, onde a coordenação do Curso, por exemplo, assume o papel de moderadora, definindo regras e chamando a atenção dos que não as seguem.
As informações sobre vagas de estágio e emprego, a divulgação de eventos e avisos passados pelos professores, entre outros conteúdos disseminados no Grupo CSF, refletem um capital social bastante sólido, gerado pelo alto nível de cooperação entre os atores; e como em outras redes, além da cooperação, os processos sociais de competição e conflito também podem ser percebidos. Enquanto o conflito origina hostilidade e ruptura, “a competição pode, por exemplo, gerar cooperação entre os atores de determinada rede, no sentido de tentar suplantar os atores de outra” (Idem, 2009ª: 82).
Ao despertar o sentido de competição entre os alunos, a divulgação das equipes inscritas na concorrência poderia propiciar também um sentido de cooperação. Participando da concorrência e desenvolvendo suas competências de criação de campanhas publicitárias, os alunos estariam se preparando para suplantar estudantes de outras faculdades no concorrido mercado publicitário.
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